Mercê das guerras a que esteve sujeita, a população de Timor Leste sofreu oscilações significativas durante todo o século vinte. As guerras, nomeadamente a Segunda Guerra Mundial com a invasão japonesa, a invasão indonésia que matou 1/3 da população do território, as doenças, as fugas, a elevada taxa de natalidade, são factores que condicionaram o crescimento da população.
Com um ambiente de paz e estabilidade, a melhoria de condições económicas, saúde
e saneamento básico, os números terão uma tendência para estabilizar.
NÚMERO DE HABITANTES
Durante a primeira metade do século vinte, a população de Timor Leste teve um crescimento relativamente lento, em alguns períodos isolados apresentou mesmo um crescimento populacional negativo, tal como em 1936 onde se registou um decréscimo populacional de cerca de -0.4% e em 1973 e 1986 onde se registaram significativos decréscimos populacionais de -0.9% e -1.6% respectivamente.
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João Mariano de Sousa Saldanha propõe no seu trabalho The Political Economy of East Timor Development, alguns factores para estas flutuações periódicas de crescimento populacional. Sugere em primeiro lugar que o difícil acesso à ilha por parte do Mundo exterior, mesmo durante 450 anos de domínio português, tenha impedido grandes imigrações por parte de outros povos.
Em segundo lugar, um nível nutricional inadequado dava origem a uma taxa de mortalidade infantil elevada e baixava drasticamente a esperança média de vida dos habitantes das ilhas. Um terceiro factor, ainda segundo o mesmo autor, prendia-se com
o estilo de vida que a própria geografia de Timor Leste forçava os habitantes a enveredar. Padrões de vida nas montanhas, isolados e sem acesso a medicamentos, originavam elevados níveis de mortalidade, em especial devido à malária.
O quinto factor, prende-se com a Segunda Guerra Mundial. A ocupação japonesa
e os grupos de trabalho forçado levaram à morte milhares de Timorenses.
Um sexto factor para um crescimento negativo de 1.6% durante o período compreendido entre 1973 e 1980, foi a instabilidade interna e as consequências das operações militares indonésias na procura de forças da resistência. Calcula-se que para além dos milhares de pessoas que fugiram para Portugal ou para a Austrália, durante a década de setenta, mais de 200.000 habitantes de Timor Leste tenham desaparecido às mãos dos militares indonésios.
Muitos Timorenses foram também mortos durante a Guerra de Manufahi (1887-1920), que se tratou de mais uma das muitas revoltas da população contra o domínio colonial português, particularmente durante o período de 1882 e 1927 quando se desencadearam grandes conflitos entre a população local e as autoridades portuguesas. Este é o quarto factor apontado pelo mesmo autor.
Após os primeiros cinco anos de ocupação indonésia, a tendência de decréscimo populacional nas ilhas inverteu-se. Entre 1980 e 1987 o crescimento populacional registou-se em cerca dos 2.4% e entre 1980 e 1990 em 3.4%. Estes aumentos substanciais no crescimento da população não se deveram obviamente ao surgimento súbito de boas condições de vida proporcionadas pelos ocupantes indonésios, mas sim
ao aumento da emigração por parte de populações de outros países e um grande movimento das populações de Java e Bali para Timor Leste.
A estes factores, podemos hoje acrescentar os acontecimentos de 1999, que não só originou uma diminuição populacional, como também levou a um enorme movimento migratório: 250.000 refugiados em Timor Ocidental.
Com uma população estimada de 780 000 habitantes, segundo um censo realizado pela UNTAET e publicado em Junho de 2000, Timor Leste revela, actualmente, uma tendência demográfica positiva.
Fonte da tabela:
Metzner, 1997
Hadi Soesastro, 1989
East Timor Bureau of Statistics